ESTOU A PORTA E BATO

Diante do convite do Senhor, que quer fazer de nós seu templo, alguém, talvez por excessiva timidez, pretenda recuar, pensando que todas essas coisas são de fato muito sublimes, mas não feitas para ele.

Entendo, entendo: está preocupado com seus graves pecados e sua fraqueza pessoal. Porém, se, mesmo com tudo isso, conseguisse, ao menos, entrever Cristo, que está à porta de nosso coração, e escutar que ele pede para entrar! Vamos, então, abrir as divinas Escrituras e ler o que está escrito no Apocalipse, com as mesmas palavras de Cristo: “eis que estou à porta e bato” (Ap 3,20). Sim, ele está à porta do coração. E de qual coração senão do pecador? Naquele dos justos está bem acolhido e como hóspede tranquilo.

Bate à porta do coração por meio de inúmeras inspirações e sinais.

Coloca diante dos olhos a felicidade plena capaz de ser alcançada mediante a graça. Sim, ele bate: “se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa” (Ap. 3,20). Fala como um hóspede que vem a noite; isso significa que, erradicado qualquer tipo de ofensa e mancha, Ele apenas deseja viver no âmago da alma, em completa amizade e familiaridade.

Não diz só: “eu entro na sua casa”, mas acrescenta: “e tomaremos a refeição, eu com ele e ele comigo” (Ap. 3,20), isto é, eu me deixarei tratar com muita intimidade, deliciando-me familiarmente com ele, como entre amigos.

E ele, por sua vez, estará comigo; juntos estaremos na sala deliciosa de celestes prazeres, através de meus sacramentos, porque faço questão de recebê-lo em minha mesa.

Daí se deduz que Cristo fala sempre como um hóspede rico, mas generoso, que, ao entrar numa casa, leva muito mais dons do que recebe.

Oh, amor! Oh, amor! Sim, vencestes, ó Senhor. Não há desculpas para nossa insensibilidade, ao querer negar o ingresso no coração de um amigo tão bondoso que bate à porta implorando acolhida só para fazê-lo feliz. 1

Pregações à juventude, n. 8: nosso coração feito templo de Deus, MS 585-587; PVC, p.306-308. Pe. Gaspar Bertoni

 


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